quinta-feira, 26 de maio de 2011

Toques de Mário Quintana:

"Se um poeta consegue expressar a sua infelicidade com toda a felicidade, como é que poderá ser infeliz?"

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O badalar dos sinos

Hoje eu acordei sem coração.
Ele foi roubado enquanto eu sonhava.
Sim, tinha sonhos bons com você,
Vagava a ideia do perfeito amor.

Mas foi real...
O foco nos sonhos não deixou ver o ladrão entrar,
E quando eu percebi, já não tinha forças;
Não pude evitar, e o vi embora levar.

O ladrão tinha feição conhecida;
Tinha aroma e cor conhecidos;
Empunhava adaga conhecida...
Um mar de angustia e pavor invade.

Cruel e brutal ladrão,
Sequer refletiu antes de, com força, de mim o arrancar.
E após tenebroso ato, sepultou o pendulo já gelado:
Na vala jogou e enterrou, sem qualquer remorso expressar.

Em minhas mãos, encontrei o sangue que acusa o culpado,
Eu vi no espelho meu próprio retrato.
Em minha face desespero? Não mais. Vazio!
...Somado ao vermelho que decora, na sala, a força do meu próprio ato.

Ora, quem ousará julgar esse ladrão?
Sem ter dó, apenas buscou a liberdade;
Privar-se da angustia foi base da decisão,
Ou de qualquer dor que o órgão lhe causaria.

O resultado encontrado é o tato, que só sentirá o frio;
O olhar, que apontará o caminho sem apreciar as cores;
O paladar, que será obrigado a, pra sempre, degustar o sabor do sangue derramado;
A visão, que não conseguirá mais enxergar o amor,
E a audição, que ouvirá, infinitamente, o som seco do badalar dos sinos.


Taís Prass